Ansiedade: tipos, sintomas e tratamentos

Ansiedade: tipos, sintomas e tratamentos

10 de setembro de 2024

Saúde

Preocupar-se com diversas coisas ao mesmo tempo e não conseguir impedir ou controlar a própria inquietação são os desafios de quem sofre de ansiedade.

A ansiedade é um problema que afeta milhões de pessoas em todo o mundo, e o Brasil é um dos países mais ansiosos. Falamos de quase 10% da população, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).

Caracterizada por preocupação excessiva, medo e inquietação, ela impacta significativamente a qualidade de vida. Pode se manifestar naquela sensação de taquicardia e angústia ou ser mais sutil, se escondendo no sentimento de tédio e de insegurança.

Ficar irritado facilmente ou ter dificuldade para relaxar são só alguns dos comportamentos comuns na vida de um ansioso e identificados em mais da metade dos entrevistados no Panorama da Saúde Mental 2023, pesquisa semestral do Instituto Cactus.

Os dados apontam que 73% dos entrevistados são incomodados pela preocupação com assuntos diversos e 68% por se sentirem nervosos, ansiosos ou muito tensos. A maioria (55,8%) nunca procurou um profissional da saúde para tratar a ansiedade.

Tipos de ansiedade

As causas da ansiedade podem incluir fatores genéticos, ambientais e psicológicos, mas atenção: não é tudo a mesma coisa. Nem todo ansioso se sente igual e entender isso contribui para um tratamento mais assertivo. O psiquiatra da Prevent Senior, Lucas Marchetti, lista os tipos de ansiedade mais comuns:

1. Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG): caracterizado por preocupação excessiva e constante, mesmo com situações do dia a dia.

2. Transtorno do Pânico: crises súbitas de pânico e medo intenso, acompanhadas de sintomas físicos, como palpitações e falta de ar.

3. Ansiedade Social (ou fobia social): medo intenso de ser avaliado negativamente em situações sociais.

“O Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG) é um dos mais comuns, as pessoas apresentam preocupações persistentes e incontroláveis”, diz.

Sintomas não óbvios da ansiedade

Além dos sintomas mais comuns, como preocupação excessiva e palpitações, a ansiedade pode se manifestar de formas não tão óbvias. Fique atento(a) aos seguintes sintomas:

- Dores musculares ou tensão corporal constante

- Desconforto abdominal, náusea ou diarreia

- Sensação de "nó" na garganta ou dificuldade para engolir

- Irritabilidade ou impaciência sem motivo claro

- Dificuldade para tomar decisões ou procrastinação

- Sensação de despersonalização, sentir-se desconectado de si ou do ambiente

O sentimento de tédio também é um ponto de atenção, pois a mente tende a vagar mais quando está ociosa, levando a pensamentos excessivos ou preocupações desnecessárias. Esse estado de inatividade pode criar um ciclo, no qual o tédio gera ansiedade e a ansiedade, por sua vez, dificulta a realização de atividades produtivas.

A relação entre ansiedade, insegurança e dúvida

Refletindo mais a fundo, a ansiedade pode estar ligada à insegurança e à dúvida.

“Quando uma pessoa sente-se insegura, seja sobre si mesma ou sobre o futuro, isso gera um estado de constante alerta, com pensamentos repetitivos sobre possíveis falhas ou erros”, relata o Dr. Lucas.

A dúvida também alimenta a ansiedade, pois o medo do desconhecido e a falta de controle sobre o que está por vir intensificam a sensação de ameaça. Logo, esses fatores frequentemente desencadeiam ou agravam a ansiedade.

O que a ansiedade pode causar se não for tratada?

Segundo o médico, não tratar a ansiedade pode ter consequências sérias na saúde mental e física.

A preocupação constante leva ao desgaste emocional, aumentando o risco de depressão e até a dificuldade de concentração e memória, pois o cérebro fica sobrecarregado com pensamentos ansiosos, o que prejudica o foco.

Exaustão mental também é um problema na hora de dormir. Insônia ou sono agitado são comuns em pessoas ansiosas, e não ter um sono reparador pode trazer outros problemas para a saúde, como pressão alta, diabetes e obesidade.

Além disso, os altos níveis de estresse afetam a imunidade, aumentando a chance de ter uma infecção, de desenvolver doenças cerebrais e cardíacas.

“O possível isolamento social desencadeado pela ansiedade pode levar à evitação de interações sociais, contribuindo para o agravamento do problema.”

A longo prazo, se não tratada, a ansiedade pode reduzir a qualidade de vida e até aumentar o risco de desenvolvimento de outros transtornos mentais.

Há um verdadeiro efeito dominó que pode ser prevenido com a ajuda de familiares, amigos e o apoio de um profissional de saúde mental.

Quais as estratégias para diminuí-la a longo prazo?

O tratamento da ansiedade envolve uma abordagem multifacetada, a começar pela terapia, que ajuda na identificação de padrões de pensamento ansiosos e a substituí-los por pensamentos mais realistas e positivos.

Praticar atividade física regular libera endorfinas, substâncias que promovem o bem-estar e aliviam a ansiedade.

Mudanças no estilo de vida sempre fazem a diferença para saúde do corpo e da mente. As técnicas Mindfulness e meditação são exemplos de boas práticas, mantêm a mente no presente e reduzem a preocupação com o futuro.

“Dormir bem, manter uma alimentação equilibrada e evitar o uso de estimulantes como cafeína e álcool podem ajudar a regular o estado emocional.”

Em alguns casos, medicamentos ansiolíticos ou antidepressivos podem ser prescritos por um psiquiatra, que avalia o tempo de uso adequado e a dose. Cada pessoa responde de uma maneira diferente e deve ter um tratamento individualizado.

E o que fazer para se sentir melhor imediatamente durante uma crise de ansiedade?

Durante uma crise de ansiedade, algumas técnicas podem ajudar a acalmar rapidamente o corpo e a mente:

1. Respiração profunda: inspire pelo nariz contando até 4, segure a respiração por 4 segundos e expire lentamente pela boca contando até 4. Repetir este exercício várias vezes pode ajudar a desacelerar o ritmo cardíaco e diminuir a sensação de pânico.

2. Atenção plena (mindfulness): foque no presente. Um exercício simples é observar ao redor e nomear mentalmente cinco coisas que você pode ver, ouvir ou sentir.

3. Técnica do "grounding": colocar os pés firmemente no chão e prestar atenção nas sensações físicas, ajudando a “atenuar” e controlar a sensação de despersonalização.

4. Uso de água fria: lavar o rosto ou as mãos com água fria pode ativar o sistema nervoso parassimpático, ajudando a relaxar.

5. Procure ajuda: se a crise for intensa e essas dicas não forem o suficiente, contate seu médico quanto antes ou procure o pronto atendimento.

6. Medicamentos: alguns medicamentos, prescritos por médicos, podem ser utilizados neste momento, siga sempre a prescrição médica.

“A ansiedade é uma reação natural do corpo em algumas situações, mas, quando se torna constante ou intensa, é necessário procurar ajuda profissional.”

Identificar as interferências da ansiedade no próprio comportamento e buscar tratamento pode evitar o agravamento dos sintomas e mudar a sua vida.