Imagine seu cérebro como um arquipélago composto por diversas ilhas, cada uma com suas funções e segredos únicos. Uma das “ilhas” mais importantes para a memória é o hipocampo, localizado no centro do cérebro. É lá que as lembranças são codificadas, armazenadas e preparadas para serem recuperadas quando necessário.
Cada lembrança, cada conhecimento, cada sensação é cuidadosamente guardada em diferentes ilhas do nosso arquipélago cerebral.
Os significados das palavras, por exemplo, estão associados ao hemisfério direito. Já as lembranças da infância são preservadas no córtex temporal, e os lobos frontais são responsáveis pela percepção e pelo pensamento.
Mas dando um passo para trás, qual é, afinal, a definição exata de memória? Ela é a capacidade mental que codifica, armazena e recupera informações e assim nos permite lembrar das sensações, pensamentos e acontecimentos ao longo da vida.
Falamos de uma função preciosa, essencial para a aprendizagem e, portanto, para a sobrevivência. Diversos aspectos podem prejudicá-la, levando junto parte da qualidade de vida: má alimentação, álcool, drogas, sedentarismo, algumas doenças e genética são exemplos.
Como prevenir e tratar a memória curta?
O médico é quem vai orientar o melhor tratamento para problemas de memória, podendo, inclusive, intervir com ação medicamentosa. Algumas atividades, porém, além de serem preventivas, colaboram para recuperação e fortalecimento dessa função, como o exercício físico, o yoga e a meditação.
A médica Aida Esteves, responsável pelo setor de Neurologia da Prevent Senior, defende a adoção de hábitos saudáveis para blindar a memória.
“É importante realizar uma boa higiene do sono, praticar atividades físicas, ter atenção na alimentação, que deve ser balanceada, controlar o estresse e ansiedade. E também cultivar o bom humor com pensamentos positivos, estimular as atividades sociais, conviver com os amigos… Tudo isso faz muito bem.”
A especialista recomenda ainda a prática de exercícios de estímulo cognitivo, como palavras-cruzadas, quebra-cabeças e jogos como xadrez.
“Devemos ter sempre um estímulo cognitivo. O cérebro é como um grande músculo que precisa ser desafiado”, explica.
O que causa problemas de memória?
Pontos que merecem destaque quando o assunto é memorizar:
Estresse e ansiedade
Quem sofre de ansiedade ou está passando por uma fase de muito estresse deve procurar ajuda profissional. Essas condições geram sobrecarga mental e dificuldade de concentração, já que o cérebro fica sempre em estado de alerta. A terapia, a meditação e o Yoga são boas alternativas para amenizar os efeitos no organismo.
Sono
A ansiedade e o estresse podem reduzir a qualidade do sono, o que resulta em cansaço e indisposição e afeta a capacidade de manter a atenção. “A pessoa fica mais lenta para raciocinar, se concentrar e, consequentemente, de memorizar.”
Hormônios
Dificuldade para memorizar também pode ser uma questão hormonal. As mulheres, principalmente após a menopausa, estão mais suscetíveis às influências hormonais. A queda dos níveis de estrogênio e progesterona nesta fase da vida pode levar a problemas de memória.
Além disso, o estresse contribui para a alteração da função hormonal devido ao excesso de cortisol que libera no corpo, o que prejudica a memória de longo prazo e a capacidade de aprendizado. Essas questões e algumas doenças da tireoide também são prejudiciais.
Como sugestão para estimular o cérebro
Jogar xadrez é um exemplo que gera muitos benefícios para a memorização: estimula o hipocampo e melhora a comunicação entre os diferentes hemisférios do cérebro. Isso se dá devido a uma mudança neuronal que ativa um conjunto de vias cerebrais e aumenta a capacidade de retenção prolongada de informações.
Assim como os novos desafios impulsionam novas conexões sinápticas, fortalecendo o cérebro. “Aprender uma nova língua, a pintar ou a tocar um instrumento, por exemplo, é muito bom. Mantém a nossa mente ativa”, afirma a neurologista.
E não se esqueça dos jogos de raciocínio, como sudoku e palavras-cruzadas. Eles são divertidos e benéficos ao mesmo tempo, melhoram e reforçam a memória, além de intervir em outras áreas como a linguagem e o cálculo.
Exercícios simples para fortalecer a memória
Observe fotografias
O exercício consiste em ver fotografias e tentar lembrar dos episódios ligados a cada uma delas. É uma prática simples e muito útil. Vale ressaltar que quanto mais antiga for a foto, maior será o desafio.
Relembre seu dia
Antes de dormir, feche os olhos e viaje no tempo: relembre tudo que aconteceu desde que abriu os olhos com o máximo de detalhes. O que você fez, quem encontrou e até o que conversaram.
A prática fortalece as conexões neurais e “afia” a mente, condicionando o cérebro de que memorizar é algo comum e frequente.
Faça cálculos
No seu dia a dia, pratique operações aritméticas simples, o mais rápido que puder. Andando de ônibus ou caminhando, some os números que encontrar: placas de carro, números de casas, telefones...
Com esse treino, você deixa o cérebro mais ágil e saudável.