Uma pessoa em meio a um estádio do Maracanã lotado. Esse é um cenário bem próximo da chance que um paciente em busca de um transplante de medula óssea tem de encontrar um doador compatível. É isso mesmo! A probabilidade é de uma em cem mil, de acordo com dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca). E justamente para conscientizar a sociedade sobre a importância de ser um voluntário, e agradecer àqueles que já integram os bancos de doação, foi instituído o Dia Mundial do Doador de Medula Óssea, no terceiro sábado do mês de setembro, neste ano em 17/9.
A data é uma iniciativa da World Marrow Donor Association, a maior organização dedicada a cuidar de doadores e fornecer informações para facilitar um processo de busca por uma medula óssea compatível. A comemoração já se expandiu para mais de 50 países, entrando em sua 8ª edição em 2022. Neste banco global, cerca de 40 milhões de doadores de medula óssea estão cadastrados. Contudo, mais de 8% das pesquisas nessa rede resultam em zero correspondências.
O Brasil também é destaque nessa luta. O país conta com o Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea – Redome, o terceiro maior banco de doadores com esta finalidade no mundo, somando cerca de 5,5 milhões de voluntários. Entretanto, as chances de um paciente encontrar um doador compatível confirmado no território brasileiro são de 64%.
Mas a pergunta que fica é: por que essa causa é tão importante? Para responder a essa questão, a Prevent Senior conversou com um dos seus especialistas e preparou esse conteúdo especial aqui no blog. Continue lendo essa matéria e não se esqueça de compartilhar com amigos e familiares.
O que é medula óssea?
A medula óssea é um tecido que ocupa o interior dos ossos, conhecido como “tutano”.
Nela estão localizadas as células-tronco hematopoéticas, responsáveis por gerar todo o sangue do nosso corpo, como os leucócitos (glóbulos brancos), as hemácias (glóbulos vermelhos) e as plaquetas.
Transplante: indicação e compatibilidade
O transplante de medula óssea é indicado como tratamento para algumas doenças que afetam as células do sangue, como leucemias, mielomas e linfomas, que são tipos de cânceres. Ou seja, o transplante consiste na substituição de uma medula doente ou que esteja apresentando problemas, por células saudáveis que vão auxiliar na reconstituição de uma nova medula óssea.
No entanto, o caminho entre o precisar de um transplante e efetivamente realizá-lo é longo.
O primeiro desafio é encontrar um doador compatível. “A chance [de encontrar a compatibilidade] entre dois irmãos de mesmo pai e mesma mãe é de 25%, pois os filhos recebem um haplótipo [partes de DNA herdados] do pai e um da mãe dentro de duas possibilidades possíveis de cada um”, alerta o dr. Pedro Octávio Novis de Figueiredo, médico da Prevent Senior.
Ou seja, uma fração significativa de pacientes têm que buscar em bancos de doadores uma medula óssea que seja compatível, o que reforça o motivo de uma mobilização nacional e internacional para incentivar voluntários. A conta é básica: quanto mais doadores, maiores são as chances de quem precisa do transplante realmente consegui-lo.
Essa compatibilidade tecidual entre doador e receptor é determinada por um conjunto de genes localizados no cromossomo 6, que é rico em genes imunológicos. “A compatibilidade entre dois indivíduos não aparentados depende de um grupo de 224 genes que apresentam uma das maiores variações genéticas do genoma humano. Essa variedade está na casa dos milhares.”, explica o médico.
A combinação, segundo informações do Redome, deve ser de 100% ou muito próxima de 90% para que seja possível realizar o procedimento com melhores resultados clínicos. Essa análise é realizada por meio de testes laboratoriais com amostras de sangue do paciente e voluntário - exames nomeados de histocompatibilidade.
Tipos de doação e coleta
A doação ou coleta de medula óssea ocorre de quatro formas. Uma delas é por meio de um procedimento que necessita de anestesia geral ou peridural (que bloqueia a dor apenas em uma região do corpo), com duração aproximada de 90 minutos, em que são realizadas de quatro a oito punções (retirada de fluidos) com agulhas nos ossos da bacia do voluntário para aspiração de parte da medula. Em média, são retirados entre 15 e 20 mililitros por quilo de peso do doador. Esse tipo de procedimento não prejudica a saúde do voluntário, que recebe alta no mesmo dia, contudo tem pouca indicação nos dias atuais.
Outra possibilidade de doação é a coleta por aférese. Neste caso, o voluntário utiliza uma medicação por cinco dias que vai aumentar a quantidade de células-tronco circulantes no seu sangue. Passado esse período, a pessoa efetua a doação por meio de uma máquina de aférese, responsável por coletar o sangue da veia do doador, separar as células-tronco e devolver o restante de elementos do sangue ao paciente. Esse procedimento não necessita de internação ou anestesia, e também não prejudica a saúde de quem realiza a doação.
Uma terceira opção é a coleta de medula óssea do cordão umbilical, já que, no nascimento, há casos de o cordão umbilical ser utilizado para drenagem do sangue que permanece nele e na placenta. Nestas situações, o material coletado é encaminhado para laboratório de processamento, onde as células-tronco são separadas e congeladas para transplantes futuros, podendo permanecer armazenadas por longos anos em Bancos Públicos de Sangue de Cordão Umbilical e Placentário.
Também há um quarto caminho, quando falamos de substituir a medula óssea: o transplante autólogo. Nesta situação, as células injetadas no paciente foram retiradas da sua própria medula e congeladas para uso posterior. Isso só é possível, entretanto, quando as doenças não afetam a qualidade do órgão, ou seja: não tiveram origem na medula óssea ou estão em estado de remissão (com sintomas reduzidos ou não detectáveis).
Transplante: como funciona o procedimento
Para receber a nova medula óssea, o paciente é submetido a um tratamento que destrói a própria medula doente. O transplante ocorre por transfusão de sangue e quando as novas células chegam à corrente sanguínea do receptor, elas se alojam na medula óssea, onde se desenvolvem e reconstituem o órgão.
Depois do procedimento, o paciente precisa de cuidados com a dieta, higiene pessoal e esforços físicos, sendo essencial sua permanência no hospital por um período que varia entre duas e três semanas. Esse tempo é necessário para que as novas células sejam capazes de produzir glóbulos brancos, vermelhos e plaquetas, mantendo as taxas do organismo dentro da normalidade. Enquanto isso não ocorre, o paciente fica mais exposto a contrair infecções e hemorragias. Por isso, há necessidade de internação. Passada essa fase, o paciente permanece em tratamento ambulatorial e pode ser necessário o comparecimento ao hospital em alguns momentos.
Na Prevent Senior, são realizados entre 30 e 50 transplantes de medula óssea por ano, desde 2017, em parceria com uma instituição externa. A maior parte dos pacientes que recebem as novas células são portadores de mieloma múltiplo, linfomas e leucemias - tipos de cânceres.
Como ser um doador
Ser um doador de medula óssea é contribuir com a continuidade de uma ou até mais vidas, já que o ato pode ser realizado mais de uma vez. Veja como ser um voluntário:
- Ter entre 18 e 35 anos de idade;
- Ter boa saúde;
- Ir até o hemocentro mais próximo da sua casa, informar o interesse e realizar a coleta de uma amostra de sangue (10 ml) para um exame de compatibilidade
- Pronto! Feita a análise do seu sangue, os seus dados serão inseridos no Redome e você será avisado quando ocorrer a compatibilidade com algum paciente.
A Prevent Senior
Operadora de saúde especialista em pessoas, a Prevent Senior atua há mais de 25 anos e conta com uma ampla rede própria. Os Hospitais e Prontos-Atendimento Sancta Maggiore são equipados com o que há de melhor para oferecer sempre em cuidados diferenciados.
Veja também: Saiba qual é o Pronto Atendimento mais próximo de você! (https://www.preventsenior.com.br/blog/pronto-atendimento-prevent-senior)
A rede ainda é composta por Núcleos de Medicina Avançada e Diagnóstica e Núcleos especializados em Cardiologia, Oftalmologia, Oncologia, Ortopedia/Traumatologia e Reabilitação em São Paulo e no Rio de Janeiro.
Consulte o orientador médico do seu plano.
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