A Organização Mundial da Saúde (OMS) pretende reduzir 25% das mortes prematuras por doenças não infecciosas, como a trombose, até 2025. Na contramão dessa expectativa, os números da doença no Brasil, cerca de 180 mil casos por ano, aumentaram durante a pandemia, com uma população mais sedentária e rotina alimentar cada vez menos nutritiva.
Para alcançar os objetivos da OMS, é importante manter o debate constante sobre o tema por todos os eixos do setor, especialmente nos campos prevenção e diagnóstico ágil.
Em13 de outubro, Dia Mundial da Trombose, a Prevent Senior conversou com o Dr. Fernando Pinho Esteves, coordenador da Cirurgia Vascular da Operadora, que esclareceu as principais dúvidas sobre a doença relacionadas à prevenção, riscos, e demais aspectos. Excelente leitura.
O que é trombose
A medicina chama de trombose qualquer formação de coágulos no interior dos vasos. Existem dois tipos, as tromboses arteriais e as tromboses venosas.
Nas tromboses arteriais ocorre obstrução dos vasos que levam o sangue para os tecidos, isso pode bloquear a circulação local do sangue e provocar sintomas como frialdade, palidez, e dor na perna ou braço acometido.
Já as tromboses venosas, as mais comuns, são caracterizadas pela obstrução das veias que drenam o sangue dos tecidos, o que provoca inchaço e dor (menos intensa que na trombose arterial) na região. Nessa versão, a principal complicação é o desprendimento de fragmentos do coágulo, que podem chegar aos vasos pulmonares e provocar embolia pulmonar.
A trombose pode afetar tanto membros superiores quanto membros inferiores, mas é muito mais comum nos membros inferiores.
Trombose e trombose venosa profunda: qual a diferença?
Existe, ainda, mais uma diferenciação entre os tipos de trombose.
A circulação venosa nos nossos membros é dividida em veias do sistema venoso superficial (menores, restritas à pele e que formam as varizes quando doentes) e do sistema venoso profundo (de maior calibre, localizadas no interior das musculaturas).
O Dr. Fernando explica que a trombose venosa profunda (TVP) consiste na formação de coágulos no interior das veias do sistema venoso profundo. As veias do sistema venoso superficial também podem ser sede de tromboses, é a popular flebite. Mas, nesse caso, o risco de embolia pulmonar é extremamente baixo.
Trombose é, então, “um termo mais abrangente, enquanto trombose venosa profunda é a trombose das veias do sistema venoso profundo”, explica.
Quais as causas da trombose?
Algumas alterações no sistema venoso e suas respectivas causas podem provocar a trombose venosa, são elas:
- Aumento da coagulação sanguínea (uso de anticoncepcional, gestação e puerpério, tumores, doenças congênitas da coagulação, fumo, e infecções);
- Diminuição da velocidade de fluxo sanguíneo (imobilização, varizes, e viagens prolongadas);
- Lesões da parede da veia (cirurgias, traumas, punção para implante de cateteres).
Existe grupo de risco para a trombose?
Há maior incidência entre homens ou mulheres? Em que faixa etária ela é mais frequente?
Segundo o Dr. Fernando, a trombose venosa é uma doença que acomete todas as faixas etárias e ambos os sexos. É, entretanto, mais comum nas mulheres e em faixas etárias mais elevadas.
“Existe uma série de situações clínicas tidas como de risco para o desenvolvimento da trombose, sendo as mais observadas na prática diária pacientes com câncer, usuárias de anticoncepcional oral ou terapias de reposição hormonal, pacientes em pós-operatório de cirurgias de grande porte (principalmente ortopédicas, urológicas e ginecológicas) e pacientes com doenças de coagulação, as chamadas trombofilias”.
Como prevenir a trombose?
Um estudo da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular, realizado em 2022, afirma que 113 pessoas são internadas por dia para tratar a trombose venosa, isso apenas na rede pública. Um número que preocupa e pode ser reduzido com a adoção de hábitos mais saudáveis.
“Adotar hábitos saudáveis como evitar o fumo, manter o peso ideal e praticar atividades físicas regulares são as principais medidas de prevenção”, enfatiza o especialista da Prevent Senior.
Além disso, recomenda-se o uso de meias elásticas durante cirurgias de grande porte ou voos de longa distância, e suspender o uso de anticoncepcionais orais após um episódio de trombose, por cautela.
Ela é hereditária?
Algumas trombofilias (doenças sanguíneas que favorecem a coagulação nos vasos) podem ser hereditárias. Dessa forma, a trombose em si não é hereditária, mas algumas de suas causas podem passar de pai para filho.
Quem não tem casos de trombose na família pode desenvolvê-la?
Pode. A grande maioria dos hábitos ou decisões que levam à trombose acontecem ao longo da vida, como o uso de anticoncepcionais, a realização de procedimentos cirúrgicos, o fumo, viagens de longa distância, etc.
Quando procurar o médico
Fique alerta para os sintomas agudos da trombose: edema (inchaço), dor, vermelhidão, e endurecimento muscular. Quanto maior for a extensão da área acometida, mais grave é o quadro.
“Na presença de sintomas assim, o paciente não deve tardar em buscar atendimento médico, pois quanto mais rápido for o diagnóstico e o tratamento, menor o risco de embolia pulmonar.”
Como é feito o diagnóstico da trombose?
A suspeita do diagnóstico da trombose acontece com a presença dos sintomas descritos. Ao identificá-los, o médico pode solicitar alguns exames para confirmar a presença de coágulos:
- Ultrassonografia;
- Exame de sangue;
- Venografia;
- Eco Color Doppler (ultrassom vascular);
- Tomografia e ressonância magnética.
Tratamento: existe cura?
Assim que o diagnóstico for confirmado, o tratamento deve iniciar. O objetivo do tratamento é prevenir a progressão dos coágulos e facilitar sua reabsorção, e assim diminuir a chance de avançarem para outras regiões do corpo, além de aliviar os sintomas secundários ao inchaço.
Para isso, um dos pilares do tratamento é o uso de medicações anticoagulantes, que são empregadas por período variável, depende da extensão da trombose e do tempo de reabsorção dos coágulos.
“Outra medida importante é o uso das meias elásticas, elas aliviam o edema e dão mais conforto ao paciente. Em algumas situações especiais, os pacientes podem precisar de procedimentos cirúrgicos.
A cura é atingida quando ocorre a reabsorção completa dos coágulos formados no interior das veias, a partir do uso dos anticoagulantes”, explica o coordenador.
O que acontece se a trombose não for tratada?
Existem duas consequências principais para os pacientes que não tratam a trombose adequadamente.
A primeira é a maior chance de desenvolver embolia pulmonar, condição de gravidade variável, e a outra é a chamada síndrome pós-trombótica, uma sequela da trombose que pode gerar insuficiência venosa (inchaço, varizes, pigmentação de pele, e úlceras varicosas) na região acometida.
Quem já teve trombose pode reincidir?
A incidência de tromboses em pacientes com histórico prévio é maior do que na população normal. “Então, sim, existe risco de novas tromboses ao longo da vida. Por isso, para boa parte dos pacientes que apresentam mais de um episódio de trombose, o tratamento com anticoagulantes é indicado de forma contínua”.
A PREVENT SENIOR
Operadora de saúde especialista em pessoas, a Prevent Senior atua há 26 anos e conta com ampla rede própria. Os Hospitais e prontos atendimentos Sancta Maggiore são equipados com o que há de melhor para oferecer, com cuidados diferenciados. A rede ainda é composta por Núcleos de Medicina Avançada e Diagnóstica e Núcleos especializados em Cardiologia, Oftalmologia, Oncologia, Ortopedia/Traumatologia e Reabilitação, em São Paulo e no Rio de Janeiro.
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