Mesmo não sendo considerada uma epidemia, o aumento de casos de meningite em todo o mundo tem preocupado as pessoas sobre este tema. A doença é caracterizada pelo processo inflamatório das meninges, que são as membranas que revestem o cérebro e toda a medula espinhal. Para te ajudar a saber mais sobre o assunto, hoje o Blog da Prevent Senior conversou com a Dra. Marina Miranda, médica infectologista da rede, para tirar as principais dúvidas sobre o tema.
“O momento pede cautela em relação aos locais que tenham aglomerações. Sempre que possível, devemos optar pelos locais bem arejados, sempre higienizar as mãos e utilizar máscaras”, destaca a Dra. Marina. “Devemos nos preocupar, uma vez que a doença pode ser fatal em 25% dos casos”, alerta a médica.
A meningite é uma doença considerada perigosa e fatal, por provocar lesões mentais, motoras e auditivas. Por isso, diagnóstico e tratamento precoces são essenciais para diminuir a sua gravidade. Eles podem ser feitos por um clínico geral, neurologista ou infectologista, por meio da avaliação dos sintomas apresentados.
“O diagnóstico e o tratamento da meningite devem ser realizados o mais rapidamente possível, para evitar sequelas neurológicas e até óbito. Além da avaliação dos sintomas do paciente, um exame laboratorial é realizado por meio da coleta da punção lombar, para confirmação do diagnóstico”, explica a médica. “Também é comum a realização de exames complementares de sangue e urina, bem como exames de imagens como tomografia e ressonância magnética”, completou.
Causas
Na maioria dos casos, a meningite é causada por infecções bacterianas ou virais, mas também pode acontecer por fungos, parasitas e até mesmo traumas cranianos.
“A meningite meningocócica é a mais frequente no quadro de doença meningocócica, causada por uma bactéria chamada meningococo. Há vários sorogrupos, mas o que está em evidência e causou surto em São Paulo é o sorogrupo C”, destaca a médica.
Confira abaixo as diferenças:
Meningite Viral
- Mais comum, por ser bastante contagiosa;
- É transmitida, principalmente, pela saliva ou fezes;
- Mais comum em crianças com menos de 5 anos de idade;
- Seus sintomas se assemelham a uma infecção comum, como febre, mal-estar, dores musculares, vômito, perda de apetite e dor de cabeça;
- Ocorre com mais intensidade durante o fim do verão e início do outono;
- Costuma não deixar sequelas no organismo;
- Principais vírus responsáveis: Enterovírus, Herpes simples (HSV), Arbovírus, Arenavírus e o HIV.
Meningite Bacteriana
- Forma mais grave da doença;
- Seus sintomas são mais intensos e com maior velocidade de evolução;
- A evolução da doença causa dor de cabeça intensa, febre alta e rigidez na nuca;
- Se não tratada adequadamente, outros sintomas podem aparecer, como confusão mental, alterações comportamentais e convulsões;
- Até 20% dos infectados podem ficar com sequelas como: perda auditiva, deficiência intelectual e dificuldades motoras;
- Associada à alta mortalidade, com 250 mil mortes por ano, em todo o mundo - de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS);
- As bactérias mais recorrentes ocorrem por Streptococcus pneumoniae (pneumococo) e Neisseria meningitidis (meningococo), causadora da meningite meningocócica;
- Conta com 12 sorogrupos de meningococos identificados, entre eles os tipos A, B, C, W, X e Y, com potencial de causar epidemias;
- Os sorotipos mais prevalentes no Brasil são B, C e W;
- Maior predisposição em adultos, a partir dos 20 anos.
Meningite Fúngica - Mais comum em pessoas com sistema imunológico comprometido por idade ou doença crônica.
Meningite Eosinofílica - Tipo raro causado pela infecção de parasitas que infectam lesmas, caracóis e caramujos. As pessoas costumam se infectar ao consumir carne de animais contaminados ou alimentos com secreções do parasita.
Meningite Asséptica - Provocada por pancadas fortes, uso de drogas e doenças crônicas (como lúpus e câncer).
Transmissão
A transmissão da meningite varia de acordo com o agente causador da inflamação. A bacteriana, por exemplo, é mais fácil de ser transmitida por gotículas de saliva, por meio da fala, tosse, espirros, beijos ou mesmo pelo compartilhamento de copos, pratos e talheres.
Apesar de a transmissão por este agente ser mais fácil, nem todas as pessoas que entram em contato com o agente infeccioso desenvolvem a meningite. O fator determinante será a condição do sistema imunológico de cada pessoa, que pode ser reforçado com a vacinação.
Por ser uma doença que afeta o sistema imunológico, bebês e crianças são mais suscetíveis às meningites virais e bacterianas. Já os adolescentes costumam ser assintomáticos, o que aumenta o risco de transmissão desta doença.
Proteja-se
O melhor tipo de prevenção contra a meningite é a vacinação!
Além disso, você pode adotar algumas medidas, como:
Devo me vacinar?
A Dra. Marina alerta que a vacina contra a meningite é a melhor e a forma mais segura de prevenção contra a doença. A baixa cobertura vacinal pode ter sido um dos principais fatores para o aumento do número de casos, tanto que, em 2021, a OMS lançou uma ação global para combater a doença, colocando a imunização como uma das principais medidas que podem salvar mais de 200 mil vidas anualmente, em todo o mundo.
“A alta cobertura vacinal, além de proteger os imunizados, impede a circulação da bactéria. As pessoas que tiveram contato diretamente com o vírus ou pessoas infectadas também podem tomar antibióticos para bloquear a doença”, afirma a médica.
Conforme o Programa Nacional de Imunizações, a vacinação contra a meningite meningocócica C ocorre em três doses.
“A imunização primária consiste na aplicação de duas doses, aos 3 e 5 meses de vida, com um reforço, preferencialmente aos 12 meses de idade (podendo ser administrado até os 4 anos de idade)”, destaca a médica.
Em agosto deste ano, o Ministério da Saúde liberou doses extras da vacina meningocócica C aos profissionais da área da Saúde, mesmo que estejam com o esquema vacinal completo.
Já a vacina contra a meningite meningocócica ACWY teve a sua faixa etária ampliada até junho de 2023, contemplando os jovens, de 11 a 14 anos de idade.
Importante: As duas vacinas também estão liberadas para as pessoas com idade entre 3 meses e 64 anos, desde que residam nos bairros identificados pelas autoridades de saúde com surto da doença. Para saber mais, entre em contato com a Unidade Básica de Saúde responsável pelo seu bairro com comprovante de endereço.
“As autoridades consideram surto de doença meningocócica quando há ocorrência de três ou mais casos do mesmo sorogrupo em um período de 90 dias na mesma região. Quando isso ocorre, o ideal é que sejam feitas ações de prevenção e controle da doença, como quimioprofilaxia [prevenção medicamentosa] dos comunicantes próximos e intensificação vacinal na região”, alerta a médica.
Sequelas
Nem sempre as pessoas acometidas pela meningite ficam com sequelas, mas, quando o tratamento não é feito corretamente, pode causar:
- Perda (total ou parcial) da audição e visão
- Epilepsia
- Problemas de memória e de concentração
- Dificuldade para dormir
- Dificuldade para andar e se equilibrar
- Paralisia de um ou dos dois lados do corpo
- Dificuldade de aprendizagem (crianças e adultos)
- Artrite e problemas nos ossos
- Problemas nos rins
- Incontinência urinária
Prevent Senior
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